O lançamento da Rede Soja Sustentável, no dia 15 de abril, em São Paulo, viabiliza na prática um sonho apresentado há 11 anos pela genialidade estratégica de Alysson Paolinelli, ao criar o Instituto Fórum do Futuro: a ousadia de promover a união de esforços entre a Ciência Tropical, os atores públicos e privados, as agências de fomento e Terceiro Setor em favor da construção conjunta e colaborativa de uma proposta de sociedade pacificando o diálogo entre as potencialidades do mundo rural e os anseios urbanos por alimentos mais saudáveis, produzidos de forma menos desigual e referenciado por Ciência, algo indispensável se pretendemos conter as mudanças climáticas.
Esse Agro tecnológico e sustentável que temos a pretensão de representar já existe. O Brasil é proprietário de conhecimento, de modelos de gestão e de tecnologias inigualáveis quando se trata de enfrentar os desafios globais. “O mundo tropical, não ‘problema, é solução”, dizia Alysson, quando nos convocava a empreender o Terceiro Salto: uma etapa de modernização do sistema agroindustrial que habilita o Segundo Salto (a revolução verde dos anos 1970) a para responder o que outro brasileiro mestre, Roberto Rodrigues, define como os 4 Cavaleiros do Apocalipse: as agendas da insegurança alimentar e energética, das mudanças climáticas e da desigualdade social.
No dia 15 vamos tentar provar a um público eclético que esse sonho é possível sim. Daremos a largada na construção multisetorial de uma proposta destinada a valorizar e dar protagonismo a nossa capacidade empresarial, cientifica e tecnológica de fazer um mundo melhor.
O ponto de partida é acreditar. Vamos debater a viabilidade de uma agenda comum ainda para 2024. Semear a esperança é o caminho para atrair a juventude para esse esforço. Sem esperança. não haverá futuro...
O momento é desafiador. Em uma década, 2,6 milhões de brasileiros emigraram; o investimento em Ciência foi reduzido a cada ano; a perda de cérebros é acachapante; 4,5 milhões de produtores rurais continuaram sem acesso à gestão moderna e às tecnologias sustentáveis; os nem-nem formam hoje um exército de 15 milhões; o ressentimento e a desconfiança são o combustível da polarização nas Redes Sociais; a capacidade competitiva do setor agroindustrial – as coisas boas que fazemos e que somos capazes de fazer muito mais -não consegue ser sistematizada, nem demonstrada diante dos formadores da opinião pública urbana.
Dentro da “Bolha” do Agro Tropical sabemos como enfrentar as agendas do clima, da insegurança alimentar energética e da desigualdade social. Fora dela, num mundo onde toda e qualquer argumentação técnico-científica passou a ser convertida em leitura política e polarizada, a Comunicação Estratégica surge como ponte indispensável para unir a perspectiva de dois mundos interdependentes.
Um exemplo, as negociações do acordo Mercosul, novamente interrompidas pela convicção formada no ambiente político urbano interno das principais Nações europeias interessadas de que a pauta socioambiental brasileira não é confiável. Sem espaço no debate nacional e global, permanecem invisíveis as soluções sustentáveis que o Brasil pode oferecer.
Urge uma nova estratégia de Comunicação. O mundo urbano ainda desconhece nossas conquistas civilizatórias para o desenvolvimento sustentável:
*Que o País é líder global em tecnologias de controle biológico que podem substituir o uso de defensivos na agricultura;
*Que a conversão do peixe no “novo frango” nasce de de inteligência tecnológica que concentra de proteína de soja em raçoes que popularizaram o consumo de pescados no Brasil e no mundo – o consumidor europeu paga pelo salmão de psicultura preços impensáveis há poucos anos;
*Que dezenas de milhões de produtores rurais da zona tropical poderiam deixar a pauta do desmatamento se pudessem dispor de conhecimentos de gestão, de Ciência e de tecnologias já existentes.
*Que uma sociedade tropical pode se livrar rapidamente da dependência dos combustíveis fósseis através da aplicação de produtos e soluções de origem biológica: desde casas construídas a partir do óleo de soja ao hidrogênio verde; do serviço de polinização das abelhas às tecnologias de sequestro e mitigação de gases de efeito estufa...
E guer um “Think Tank” no Brasil para debater essas temáticas é um gigantesco desafio. Mas, já apoiam a iniciativa o Banco Mundial, a FAO, a Embrapa, pesquisadores da USP e da UFLA, representantes dos produtores e das empresas.
Por definição – e o País não prestigia tradicionalmente entidades do gênero – os “Think Tanks” debatem a perspectiva estratégica de médio e longo prazos em temas como economia, políticas públicas e privadas, em áreas como o universo da cultura, da inovação tecnológica, da geopolítica, da Educação...
A Rede Soja Sustentável já nasce associada aos 11 anos de reflexão do Fórum do Futuro e ao inestimável legado de Alysson Paolinelli, que se preocupou em reorientar o setor agroindustrial do Século XXI.
Participem do lançamento da Rede Soja e do Seminário “Comunicar é Negociar Fora da Bolha”. O prêmio pelo esforço dos atores em buscar unificar o projeto brasileiro de sociedade será colocar o Brasil na liderança do desenvolvimento sustentável global através da Bioeconomia, o único espaço onde o mundo tropical pode trafegar com competitividade. Está em jogo a nossa capacidade de minimizar conflitos, de harmonizar a visão estratégica, de focar num futuro melhor para as pessoas e para o Planeta, gerando inclusão, empregos e renda dignos, atacando a fome e mitigando as mudanças climáticas e a migração forçada.
Participe. Seja mais um a fazer o futuro chegar.
*Cesar Borges de Sousa é Presidente da Rede Soja Sustentável