Carla
Assunção*
Ainda é
bastante comum encontrar jovens meninas sonhadoras, que buscam por um espaço ao
sol, vivendo da própria imagem, como grandes celebridades reconhecidas pela
beleza e autenticidade.
Quando se tem
um coração e uma mente pura, toda oportunidade parece uma grande chance, no
entanto, nesse percurso entre tentativas e acertos de chegar mais perto do
reconhecimento e poder orgulhar a família com os efeitos do sucesso existem
grandes desafios.
No dia nove de
março, a novela Travessia, da Rede Globo, mostrou a personagem Karina sendo
enganada por um pedófilo na Internet com ajuda de programas de inteligência
artificial, que simula voz e aparência de outra pessoa.
Ver a cena
mesmo sem acompanhar a novela me trouxe muitos gatilhos pessoais, pois já
estive frente a frente com esse truque virtual. Não é nada simples para eu
abordar o assunto, porém, senti necessidade de trazer meu ponto de vista sobre ele,
que veio à tona em rede nacional em um contexto diferente, mas em uma situação
parecida.
Na ocasião, eu
fazia Jobs fotográficos, e já havia trabalhado com pessoas que me
proporcionaram ótimas experiencias, porém, para aumentar o meu portfólio comecei
a tentar conhecer novos produtores, para ter mais contatos e consequentemente
mais trabalhos.
O ano era 2018,
quando uma “produtora”, me solicitou “avaliação virtual”, - que é algo
completamente sem escrúpulos, mas quando se tem um retorno positivo de uma
proposta tentadora, você tende a ficar entusiasmada, não me recordo, por onde foi feita a
videochamada, mas quando a “câmera abriu” e me deparei com uma moça de aparência simpática
e madura, no meu caso, mesmo sendo uma videochamada, o psicopata se comunicava
por texto e quando notei que a imagem não parecia real, fui bloqueada logo na
sequência.
Assim como na
ficção de Glória Perez, no meu caso, também por sorte, não houve exposição
íntima do corpo, apesar de ser doentio acreditar que alguém sente prazer apenas
vendo os ombros, cintura, movimentação de alguém.
Quando me dei
conta do que havia acontecido, chorei muito, me senti mal e esse é o grande
problema, a mulher sempre tende a se sentir como um lixo após acorridos
semelhantes, e esse é o intuito desse artigo, mostrar que não estamos sozinhas
e alertar para que não ocorra com outras meninas, mulheres, pessoas.
Cheguei a
comentar sobre com outras meninas que conheci em Jobs e 80% delas relataram que
já passaram por algo semelhante, e isso é assustador. O abuso virtual não pode
ser normalizado, abuso virtual não deixa de ser abuso e deve ser comentado,
abordado e levado como pauta.
*Carla Assunção é uma Influencer, Social Media e Jornalista pela Universidade Anhembi Morumbi.
Instagram: https://www.instagram.com/carlaassuncao1807/