Sim! O
conceito de Cidades Digitais, Cidades Inteligentes, Cidades Sustentáveis ou
qualquer outro nome que venha a ser dado está relacionado com o desafio de
direcionar as modernas Tecnologias da Informação e Comunicação – TIC´s que
permeiam toda a sociedade no sentido de que se tornem um instrumento útil para
o desenvolvimento das cidades.
Sob essa ótica, o desenvolvimento
da cidade significa torná-la cada vez mais civilizada. É na cidade que o
indivíduo tem acesso aos bens e serviços indispensáveis à vida, tais como
educação, saúde, segurança, energia, água e transporte. Mas é também nas
cidades que são desencadeadas as mudanças do modo de ser e viver que conduzem a
sociedade pelos estágios evolutivos da humanidade que, em seu sentido estrito,
denominamos desenvolvimento.
Assim, dentro de uma perspectiva
evolucionista, promover o desenvolvimento da cidade é conduzi-la para seu
processo civilizatório, o que significa melhorar a qualidade de vida da
população, superar as vulnerabilidades sociais, distribuir de forma equitativa
os benefícios do desenvolvimento econômico, promover o correto ordenamento do
crescimento urbano e garantir a sustentabilidade ambiental para que as pessoas
que nela vivem possam fazer escolhas que lhes permitam gozar de uma vida longa, saudável e criativa.
Com o acesso à Internet, as
modernas Tecnologias da Informação e Comunicação foram introduzidas no
cotidiano da vida do cidadão, alterando de forma significativa seu modo de ser
e viver. Vivemos hoje em uma sociedade em rede, onde as transações financeiras,
o comércio e os encontros entre pessoas são em um mundo virtual.
Participar deste universo virtual
é condição civilizatória e, com essa finalidade, surgiram no início da década
passada os primeiros investimentos em projetos de “cidades digitais”, que se
consubstanciava em iluminar com sinal de internet toda a cidade, oferecendo
acesso gratuito ao cidadão. Nessa perspectiva da cidade digital, enquanto
houver parcelas da população sem acesso à Internet se perpetuarão, no mundo
digital, as desigualdades e assimetrias que existem hoje nas cidades reais, nas
quais as precárias condições de vida das periferias urbanas se tornam causa da
exclusão social das pessoas que ali habitam.
Um segundo passo é melhorar a
capacidade informacional do Município como um todo, o que significa
disponibilizar informações válidas para uso nas rotinas operacionais dos
órgãos, automatizar processos e adotar práticas baseadas em gestão pelo
conhecimento nas diferentes fases do ciclo das políticas públicas, desde o
correto planejamento das ações governamentais, passando pelo monitoramento
contínuo da execução dos projetos e atividades e avaliação dos resultados
obtidos.
O aperfeiçoamento dessas práticas
pela introdução das TIC´s na rotina desses órgãos públicos resulta em melhoria
na oferta de serviços públicos (educação, saúde, segurança, energia, água e
transporte), redução de perdas e desperdícios e aumento da eficiência na
prestação do serviço. São milhares de dados coletados na rotina operacional dos
órgãos públicos, cada um deles revela um aspecto importante da vida dos
cidadãos e podem auxiliar o gestor a conhecer aquilo que está acontecendo na
dinâmica da cidade.
O que ocorre é que os sistemas utilizados para
registro dessas operações não se preocupam com a qualidade das informações,
dessa forma os dados gerados não tem validade para uso em gestão, perdendo-se
assim esse grande “manancial” de informações.
No entanto, as Tecnologias de Big
Data e Analytcs deveriam ser mais utilizadas em projetos de Cidades
Inteligentes para coletar, tratar, higienizar e enriquecer esses dados de forma
automatizada, tornando-os úteis para a tomada de decisão, no sentido de agilizar
a detecção de problemas e tornando mais tempestivas as ações corretivas, no
monitorando das ocorrências para detecção de fraudes, de desperdícios e outros
fatores que reduzam a eficiência dos processos, ou ainda, na avaliação dos
resultados para orientar o planejamento.
Outro fator importante é a
introdução das modernas tecnologias de IOT presentes em diferentes modelos de
projetos de Smart Cities, que permitem a rápida detecção do funcionamento
imperfeito de equipamentos (e.g. voltados para telegestão de iluminação
pública), os sistemas monitoramento de trânsito e da segurança pública por meio
de Câmeras de vídeo. A cidade de Santo André é uma referência neste tipo de
projeto implantado desde 2014 e já apresenta resultados fabulosos tanto em
economicidade - cerca de R$ 5 milhões/ano - quando em melhoria de eficiência
energética e qualidade do parque de iluminação, com percentual de falhas
inferior a 1%.
Vale destacar que a introdução de
modelos de atendimento ao cidadão em plataformas multicanais como, por exemplo,
presencial, internet, call center e app, simplificam e agilizam os serviços
públicos e aproximam o poder público do cidadão, evitando a necessidade de
deslocamento e reduzindo a burocracia ao mínimo necessário é um poderoso
instrumento de Transformação Digital. Fato comprovado na cidade de Araraquara
que conta com um projeto grande com esse objetivo, alcançado resultados
excepcionais, com avaliação positiva de 98% dos usuários.
Superadas essas etapas citadas
acima, vários outros municípios participarão deste presente fabuloso das
Cidades Inteligentes. Mas já terão que se preparar para o futuro, não tão
distante, onde predominarão as CIDADES VIRTUAIS. Temos pesquisado muitas formas
de colocar o Município no pioneirismo desse processo e nos próximos anos, com
certeza, poderemos falar com mais propriedade dos resultados obtidos com esses
empreendimentos.
Luciano Pezza Cintrao, Diretor da Valid para Cidades
Inteligentes