Busca ativa dos estudantes que estão fora da escola ou daqueles que correm o risco de evadir, é uma sugestão de ferramenta para garantir a permanência nas escolas Créditos: Divulgação |
Pandemia acelerou processo de evasão e ameaça direitos básicos de crianças e adolescentes em todo o país
Um levantamento divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) aponta que o Brasil pode regredir duas décadas em termos de educação devido à alta nos números de evasão escolar. Nos últimos anos, o país vinha conseguindo avançar na garantia de acesso à escola, mas tudo se perdeu com a pandemia. Sempre que uma criança ou adolescente abandona os estudos, está perdendo também uma série de outros direitos. Fora da escola, eles se tornam mais vulneráveis - inclusive a situações de violência doméstica e trabalho infantil.
A exclusão escolar impede que se cumpra o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), vigente desde 1990 no Brasil. De acordo com o Unicef, em novembro de 2020 mais de cinco milhões de jovens com idades entre seis e 17 anos não estavam frequentando a escola. Desses, 41% tinham entre seis e dez anos. E a maioria, como é comum acontecer nesses casos, eram de crianças pretas, pardas ou indígenas, principalmente habitantes das regiões Norte e Nordeste do país. Para a oficial de Educação do Unicef no Brasil, Julia Ribeiro, “é muito importante ter um olhar voltado para as crianças e adolescentes de modo a impedir que o vínculo com a escola se rompa. Porque depois que esse vínculo é rompido, é difícil retomá-lo”.
Evitar que jovens em situação de vulnerabilidade deixem de assistir às aulas - sejam elas presenciais ou on-line - deve ser uma prioridade não apenas da escola, mas da sociedade como um todo. A consultora pedagógica do Sistema de Ensino Aprende Brasil, Angela Biscouto, explica que esse não é um problema novo. “Houve um grande crescimento durante a pandemia, mas a evasão é uma realidade histórica da Educação brasileira. Avançamos com políticas públicas educacionais para garantir maior equidade no acesso à escola, mas as políticas de permanência seguem frágeis”, afirma. Ela acrescenta que alimentação, transporte, renda e outras áreas influenciam diretamente nessa permanência.
Busca ativa
Trabalhar em conjunto é fundamental para enfrentar o problema. Uma das sugestões do Unicef é a busca ativa dos estudantes que estão fora da escola ou daqueles que correm o risco de evadir. Atuando em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), o Unicef criou a Busca Ativa Escolar, uma força-tarefa para trazer essas crianças de volta à escola.
O presidente da Undime e dirigente municipal de Educação de Sud Mennucci, em São Paulo, Luiz Miguel Martins Garcia, explica que, durante a pandemia, um dos grandes desafios é fazer com que os estudantes encontrem sentido na escola. “Em alguns casos, a vulnerabilidade é tão grande que a criança não vê sentido em continuar estudando. Isso faz com que seja difícil tornar a escola um compromisso diário”, destaca. A busca ativa, nesse sentido, é um resgate dos muitos direitos dessas crianças e adolescentes e envolve não apenas a Secretaria de Educação dos municípios, mas também a Secretaria de Saúde, de Assistência Social e outros órgãos da administração pública.
Garcia e Julia estão juntos no episódio 29 do podcast PodAprender, cujo tema é “Como combater a evasão escolar?”. Todos os episódios do PodAprender estão disponíveis no site do Sistema de Ensino Aprende Brasil (sistemaaprendebrasil.com.br), nas plataformas Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e nos principais agregadores de podcasts disponíveis no Brasil.
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Sobre o Aprende Brasil
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